O Dilúvio que Salvará o Brasil?

Muitos profissionais ascendem com a tragédia. Não por oportunismo, mas justamente pela particularidade da sua vocação. Jornalistas que cobrem tragédias, crises e guerras acabam ascendendo em sua profissão. Políticos que enfrentam grandes crises com convicção e serenidade, guerreiros que travam batalhas cruciais para defender projetos políticos e vidas, profetas que se tornam mártires pelo seu sacrifício, voluntários que largam tudo o que fazem para colocar a sua vida em segundo plano e ajudar o próximo. Todos são bons exemplos de como podemos transformar a nossa força e vocação em recursos para a superação individual e amparo coletivo. São heróis reconhecidos e anônimos, cuja imagem e legado significam a força que temos para a superação de nossos traumas.

A capacidade de nos reconstruirmos no desespero sempre encantou a filosofia e, posteriormente, as ciências humanas e sociais. São várias as razões para isso ocorrer, mas uma delas é mais relevante para a moral social. O ato de erguer heróis é sempre uma compensação, uma homenagem para honrar os nossos que se foram ou que perderam tanto. E importa muito quem são os nossos e como serão lembrados.

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Vícios e Virtudes

Sim, sou paciente de cannabis medicinal. Sofro de Transtorno do Espectro Autista – TEA [recentemente diagnosticado], sou ativista de várias pautas sociais [sim, é uma doença, sabia não?] e sofro de variações bruscas de níveis de serotonina e outros neurotransmissores, o que gera picos intercalados de ansiedade e depressão. Essa variação binária é basicamente o que muitos avaliam como bipolaridade e que os remédios convencionais não conseguem curar [será que eu não teria que tomar lítio??? sério! não!].

Ser incapaz de curar não é o único limite dos remédios sintéticos que tomamos. São justamente essas merdas que nos escravizam. No seu bate bola com nossos componentes químicos, mandam um passe de desaceleração para domínio da depressão, que retribui com uma bomba de estimulante antidepressivo para a ansiedade engatar um ansiolítico de trivela, gol!! [ééééééééééééé] Da indústria farmacêutica!!!

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Um Dia Especial?

Hoje foi um dia especial, mas também muito triste. Sabem, indígenas do Brasil estão no topo da lista dos povos originários mais excluídos e subjugados do mundo, por serem minoria, devido justamente à tentativa de seu extermínio e pelo caráter pútrido do colonizador e de seus descendentes. É o caso quase ignorado de muitos países pós-coloniais de regiões apropriadas pelos Europeus entre os séculos XV e XVIII, dentre eles, os americanos.

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Manifesto de Professores DERI/UFSM

MANIFESTO DE PROFESSORES DO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA UFSM SOBRE SITUAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO PAÍS

No momento em que se discute a oposição entre o Direito à Vida e o Direito ao Trabalho, em função do confinamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para enfrentamento da pandemia da COVID-19 (causada por um tipo de Coronavírus), cabe lembrar que o Direito à Vida faz parte do rol de direitos defendidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e pela Constituição do Brasil de 1988. Esta última, no Art. 4º, diz que nas relações internacionais um dos princípios a ser seguidos é a prevalência dos direitos humanos. Além do mais, o Art. 5º garante aos brasileiros a inviolabilidade do Direito à Vida. Finalmente, o Art. 230 diz que cabe ao Estado amparar as pessoas idosas, garantindo-lhes o Direito à Vida.

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A Poesia do Rock #ROCKPoetry

Para onde foi o Rock? Sumiu das rádios, da TV, da linguagem da juventude. Lembro bem como cresci cercado pelo apelo à música, vindo de rádios, como a Ipanema FM e 107 PopRock, e da MTV. Naquela época, anos 1990, vivíamos a padronização musical produzida pela enxurrada de recursos das grandes gravadoras nas emissoras de TV e rádio que nos deixavam à mercê da escolha das emissoras e sua lista de artistas que pagavam jabá. Por outro lado, a projeção de bandas de rock era incrivelmente maior. Se alcançasse uma grande gravadora, ganhava o mundo. E com isso, projetava a narrativa crítica do Rock n’Roll, o estímulo à reflexão e à ação. Se, na época, eu nem percebia algumas dessas bandas como Rock de verdade (confesso que fui um purista durante anos), hoje sinto a sua falta no cenário musical. Vejo a juventude marcada pela cultura Pop, pelo extravasar da diversidade e liberdade sexual. Mas essas pautas são muitas vezes socialmente descoladas, fundadas na autoafirmação e identidade particular e não da cultura crítica de massa que agrega diferentes classes, raças, gêneros e países. 

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Pay to Play e Jogos Digitais

Nasci nos anos 80, época em que os jogos digitais começaram a chegar à vida de crianças de classe média e alta. A digitalização tecnológica possibilitou que o processamento computacional substituísse parcialmente brincadeiras de rua pelos quartos com televisão. Inclusive alguns dos primeiros jogos do antigo Atari relembravam essas brincadeiras: esconde-esconde, polícia e ladrão, bang-bang, luta, além dos mais amados esportes, simulados virtualmente com qualidade precária. Naquela época era uma revolução, que mudou a forma de interação de crianças entre si e com as máquinas. Elas passavam horas e horas com aquele que era, para muitas, o seu melhor amigo, o videogame. O horário, a variedade e a instantaneidade do lazer se expandiram, em paralelo ao isolamento social.

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Masculinidade e a Metamorfose da Paternidade

Ser pai (no) presente é assumir múltiplas funções. É aceitar nossos limites e focar em prioridades. É ampliar a tolerância e encontrar novas fronteiras para a paciência. É nos tornarmos verdadeiros educadores. É existir fora de si. É aprender a amar incondicionalmente. É contrapormos estruturas sociais com o compromisso de pular no incerto, com a única garantia da metamorfose.

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Servidor Público e Capacidades Estatais

A chegada de 2020 promete grandes impactos ao servidor público brasileiro, sobretudo aos produtores de conhecimento crítico e formadores das novas gerações. A situação anunciada merece reflexão. Às vésperas do início da tramitação no Congresso Nacional de proposta de nova reforma administrativa do Estado brasileiro, temos uma cultura generalizada de que os servidores públicos são peso morto na economia, de que estaríamos melhores sem eles, de que enriquecem às custas da população, de que possuem dezenas de privilégios injustificáveis, de que “mamam na teta” do Estado. Minha crítica a esta visão simplista vai em duas direções.

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