Cumprindo a Ronda

Ayan Agalu relança álbum Cumprindo a Ronda, do Grupo Sete Ondas, em plataformas digitais e streaming.

A música tem condições de direcionar as emoções do nosso dia a dia. Nos energizar, sensibilizar, entristecer, enfurecer, alegrar, reerguer. As vibrações sonoras que sentimos e ouvimos projetam ideias e sensações que reproduzimos em nossos pensamentos e ações. A música sagrada tem apenas uma diferença, busca direcionar essas vibrações para funções de exaltação, invocação e direcionamento de ideias, valores e arquétipos que atribuímos ao conceito de sagrado que aceitamos. Antropologicamente, este conceito se diferencia do profano apenas pela atribuição psicológica e social que fazemos ao que possui significado destacado em nós, nosso mundo e fora dele, a depender de cada interpretação. O sagrado é o que está separado e consagrado. Assume dimensão especial da existência que extrapola aqueles fenômenos caracterizados como cotidianos, profanos. Ao agregar-se coletivamente, essas concepções do sagrado produzem e reproduzem instituições informais (religiosidade) e formais (religiões instituídas). A concepção social do sagrado é um fenômeno presente em todas as sociedades, que direcionam muitas vezes sua produção artística de forma implícita ou explícita, para narrar visões que temos sobre o sublime.

Na música sagrada, além das referências estéticas e filosóficas que acompanham qualquer obra artística, cada ritmo, melodia, harmonia e letra carrega significados sagrados próprios e função particular nos processos litúrgicos. Cada nota e toque é selecionado racional e intuitivamente por conta de sua função sagrada. O álbum do Grupo Sete Ondas narra uma interpretação musical vinculada à Umbanda Iniciática da Raiz de Guiné, representada pelo Templo de Umbanda Iniciática Caboclo Ogum Sete Ondas. Lançado originalmente em 2009, o álbum traz em seu nome a proposta que o fundamenta. Cumprindo a Ronda apresenta as vibrações que geralmente se seguem em um rito de louvor aos Orixás nessa Escola de Umbanda. Orixás, esses, que representam arquétipos da Unidade, mas que a concebem em transitoriedade e diversidade, integrada em potência. Que a música continue sendo celebrada na sua função de transformar nós e o ambiente que nos circunda, seja ela profana ou sagrada.


Ouça a playlist completa do álbum Cumprindo a Ronda no YouTube.

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